Teoria de Vygotsky e ação docente

Posted On 30 de setembro de 2009

Arquivado em Psicologia da educação

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Vygotsky, assim como Piaget, defende a idéia de que a criança não é a miniatura de um adulto e sua mente funciona de forma bastante diferente. Esta compreensão tem grandes implicações para os professores porque nos obriga a compreender o aluno da forma com que ele é, e não da forma com que nós compreendemos o mundo.

Assim, para a formação docente é de vital importância o estudo das diferentes teorias do desenvolvimento de forma que nos permitam abordar o processo de ensino-aprendizagem do modo que o mesmo venha a responder às necessidades particulares da natureza infantil.

Tanto Piaget como Vygotsky pensam que o desenvolvimento do indivíduo implica não somente em mudanças quantitativas, mas sim, em transformações qualitativas do pensamento. Ambos reconhecem o papel da relação ente o indivíduo e a sociedade e, em Vygotsky é esta relação que determina o desenvolvimento do indivíduo.

Face a esse entendimento de Vygostky temos que nos perguntar, como professores, que tipos de ambientes de aprendizagem são mais adequados para gerar aprendizagens e favorecer o desenvolvimento da criança.

Vygotsky tem uma visão sócio-construtivista do desenvolvimento com ênfase no papel do ambiente social no desenvolvimento e na aprendizagem; a aprendizagem se dá em colaboração entre as crianças e entre elas e os adultos. Já, Piaget, coloca que a aprendizagem se produz pela interação do indivíduo com os objetos da realidade, onde a ação direta é a que gera o desenvolvimento dos esquemas mentais.

Colocando de outra forma, para Vygotsky a aprendizagem é produto da ação dos adultos que fazem a mediação no processo de aprendizagem das crianças.
Neste processo de mediação, o adulto usa ferramentas culturais culturais “>taiscomo a linguagem e outros meios, e muito mais que ser um processo de assimilação e acomodação (Piaget), é um processo de internalização, no qual a criança domina e se apropria dos instrumentos culturais como os conceitos, as idéias, a linguagem, as competências e todas as outras possíveis aprendizagens.
Para ele, portanto, o desenvolvimento dos processos cognitivos superiores, é resultado de uma atividade mediada.

Mediador/a é aquele que ajuda a criança a alcançar um desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha. O/a professor/a e os colegas com maior experiência são os principais mediadores na escola.

Resumindo: Vygotsky nos fornece uma pista, sobre o papel da ação docente: o professor é o mediador da aprendizagem do aluno, facilitando-lhe o domínio e a apropriação dos diferentes instrumentos culturais. Mas, a ação docente somente terá sentido se for realizada no plano da Zona de Desenvolvimento Proximal. Isto é, o professor constitui-se na pessoa mais competente que precisa ajudar o aluno na resolução de problemas que estão fora do seu alcance, desenvolvendo estratégias para que pouco a pouco possa resolvê-las de modo independente.

É preciso que a Escola e seus educadores atentem que não tem como função ensinar aquilo que o aluno pode aprender por si mesmo e sim, potencializar o processo de aprendizagem do estudante. A função da Escola é fazer com que os conceitos espontâneos, informais, que as crianças adquirem na convivência social, evoluam para o nível dos conceitos científicos, sistemáticos e formais, adquiridos pelo ensino. Eis aí o papel mediador do docente.

O que me leva a perguntar agora: se esse postulado fosse bem compreendido, será que teríamos tantos problemas com a avaliação? Será que se houvesse a compreensão de que cabe ao adulto, ao professor, intermediar a aprendizagem do aluno naquilo que ele ainda não é capaz de resolver sozinho, a partir de estratégias que o levem a tornar-se independente, deixaríamos de ouvir tantos o aluno não aprende, eu dou a matéria mas eles não aprendem? E, como deveria ser o processo avaliatório baseado nesta função primordial da ação docente?

Ficam as perguntas para reflexão!

 

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